Todos os alimentos industrializados prejudicam a saúde?
- Cintia Silva
- 4 de jul. de 2020
- 2 min de leitura
Há muito tempo têm sido discutido o papel dos alimentos industrializados na saúde. Esta discussão ganhou mais força a partir do uso de uma nova classificação para alimentos industrializados, que passaram a ser denominados ultraprocessados. Apesar da denominação destacar principalmente os alimentos ricos em sódio, gordura e açúcar, observa-se ao redor do mundo a generalização deste termo, que passa a englobar todos os alimentos industrializados.
Artigos científicos têm demonstrado a relação do consumo dos alimentos ultraprocessados e o risco do desenvolvimento de doenças. No entanto, é preciso ter cautela quanto a aplicação prática destes resultados, principalmente do ponto de vista da educação nutricional da população.
Hall et al. (2019) demonstraram a relação do consumo de alimentos ultraprocessados e o ganho de peso. Porém, a mesma revista científica publicou recentemente (Ludwig et al., 2019) uma critica a extrapolação destes resultados, ressaltando as limitações do estudo.
A Harvard T.H. Chan School of Public Health publicou recentemente um artigo referente ao uso inadequado do termo ultraprocessados e a demonização dos alimentos industrializados.
O artigo ressalta que não necessariamente todos alimentos categorizados como ultraprocessados dever ser considerados como alimentos não saudáveis: "If you are deciding whether or not to include a highly processed food in your diet, it may be useful to evaluate its nutritional content and long-term effect on health. An ultraprocessed food that contains an unevenly high ratio of calories to nutrients may be considered unhealthy. For example, research supports an association between a high intake of sugar-sweetened beverages and an increased risk of obesity, diabetes, and heart disease. But some processed foods that contain beneficial nutrients, such as olive oil or rolled oats, have been linked with lower rates of these chronic diseases."
Além disso, o artigo também destaca o papel da rotulagem nutricional na escolha de alimentos mais saudáveis. Destacando que a quantidade de ingredientes presentes no rótulo não necessariamente significa que o alimento não é saudável. "Being aware of specific ingredients in a food is a good general practice for everyone but may be especially useful for those with food allergies or intolerances, diabetes, or digestive diseases. In many cases, the longer the ingredients list, the more highly processed a food is. However, an ingredient that is not recognizable or has a long chemical name is not necessarily unhealthful."
No Brasil, está em discussão o modelo de rotulagem frontal obrigatório, que tem como objetivo auxiliar a identificação de alimentos não saudáveis pelos consumidores. Por isso, é importante a participação de todos nesta discussão para que o rótulo dos alimentos seja realmente uma ferramenta para a prevenção e controle de doenças crônicas não transmissíveis como obesidade e diabetes.
Referências:
Hall et al., Ultra-Processed Diets Cause Excess Calorie Intake and Weight Gain: An Inpatient Randomized Controlled Trial of Ad Libitum Food Intake, Cell Metabolism (2019), https://doi.org/10.1016/j.cmet.2019.05.008
Ludwig et al., Ultra-Processed Food and Obesity: The Pitfalls of Extrapolation from Short Studies, Cell Metabolism (2019), https://doi.org/10.1016/j.cmet.2019.06.004 https://www.hsph.harvard.edu/nutritionsource/processed-foods/




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